Luis Matuto: Experimentos Tipográficos
Luis Matuto, jovem artista mineiro, é um dos mais destacados gravadores de sua geração. Em Belo Horizonte, é também referência no desenho gráfico — atividades que se complementam e se confundem. No inevitável embate entre liberdade artística e preocupações com efetividade e clareza da mensagem a ser entregue, surge uma obra ímpar.
Fernando Lopes: 50 anos de desenho
Em meio a esculturas, desenhos e gravuras, Fernando Lopes guarda seus trabalhos. Eles ocupam gavetas, pastas, armários, estão por toda parte e, ao mesmo tempo, não estão. Me explico: os desenhos foram acumulados, reunidos até mesmo com uma certa ordem, com um certo cuidado, mas sua sorte não é outra senão um arquivo da memória visual de seu artífice. São a prova incontestável de que Fernando trabalhou, e muito, ao longo das últimas décadas.
Sergio Rizo: Cadernos de desenho
Luis Matuto, jovem artista mineiro, é um dos mais destacados gravadores de sua geração. Em Belo Horizonte, é também referência no desenho gráfico — atividades que se complementam e se confundem. No inevitável embate entre liberdade artística e preocupações com efetividade e clareza da mensagem a ser entregue, surge uma obra ímpar.
Brazilian Printmaking Panorama
In the wake of «Brazil Qatar 2014», the purpose of this exhibition is to show Doha a glimpse of Brazilian art through the richness of its printmaking tradition. This panorama will showcase Brazilian printmaking, from its founding fathers to contemporary artists, including representatives from several relevant movements and regions. These prints are part of the curators private collection of over two thousand original prints, one of the richest of its kind in his hometown Brasilia, the capital of the country.
Santa Rosa Ilustrador
Poucos saberão hoje quem foi Tomás Santa Rosa. Paraibano, nascido em 1909, dirigiu-se ao Rio de Janeiro nos anos 1930. Era na capital federal onde se faziam as gentes de artes e letras de então. Autodidata, tornou-se profundo conhecedor de música, teatro, das artes – tinha um grande apreço pela técnica. Tornou-se mestre no desenho e composição, dedicando-se também ao ensino. Foi uma das mais importantes figuras no processo de modernização cultural do país, impactando das artes gráficas ao teatro.
Em memória de Athos Eichler Cardoso
Em memória do amigo Athos, que nos deixou em 19 de dezembro, escrevo essas linhas. E por que motivo conto todas essas histórias, detalhes do que nos uniu e nos afastou? É que esses movimentos são a matéria própria da vida.
3 figurativos em gravura no MAB
Os três artistas aqui apresentados têm trajetórias e produções bem distintas entre si. O fio que os une é, além da figuração, a técnica empregada: todas as obras expostas são gravuras. Além disso, fazem todas parte do acervo do MAB, o Museu de Arte de Brasília, criado em 1985 com a coleção formada pela Secretaria da Cultura nas décadas anteriores. Fechado desde 2007, à espera de reformas, o Museu Nacional da República tem atualmente a guarda da coleção.
BRAZILIAN CONCRETE POETRY: MAKING-OF
O ensaio historia, privilegiando a voz de Augusto de Campos, os processos de produção editorial da poesia concreta brasileira, a partir do grupo Noigandres e de seus desdobramentos posteriores. Reconstitui as dificuldades dos concretistas na veiculação de suas obras e apresenta dados pouco conhecidos sobre a materialidade dos textos. Revela a participação de artistas plásticos, como Julio Plaza, de patrocinadores como Erthos Albino de Souza, de editores artesãos, como os vinculados às editoras Annablume e Noa Noa, bem como de outras chancelas editoriais que contribuíram para a consolidação do vanguardismo poético brasileiro no mercado livreiro.
Darel: de corpo e alma
Deitado na cama, entre sonhos, lembranças e vontades, Darel desenha. A vida toda apurando os sentidos, treinando a mão, o traço firme no papel. São pinturas, gravuras, colagens e desenhos, sobretudo desenhos. Escultura nunca fez, não quis. De xilogravuras — a mais escultural das gravuras — fez apenas uma, incompleta e preciosa. É a magia do plano que o atrai. Quando não produz arte, a consome: ama a música, o cinema, a dança, a literatura.
Do vazio à expressão (ou: sem concessões): entrevista com Rubem Grilo
Rubem Campos Grilo, mineiro de Pouso Alegre, nasceu em 1946. Desenvolve, desde o início da década de 1970, amplo e intenso trabalho na xilogravura. Ele é, hoje, um dos principais artistas em produção no país e um dos destaques da gravura brasileira. Essa entrevista em profundidade foi concedida a Oto Reifschneider na manhã do 20 de janeiro de 2012, em sua casa, no Rio de Janeiro.
O descaso com os livros no Brasil – breve história
A história do descaso com os livros no Brasil ainda está para ser contada. Seus causos, no entanto, são tão antigos quanto a presença do livro no país, que toma vulto no final do período Colonial. Neste artigo foram compilados alguns desses causos, tirados tanto da literatura especializada, embasada em relatos históricos, quanto de depoimentos em primeira mão. Importa mostrar que o problema não é apenas histórico, mas atual, e precisa ser sanado o quanto antes, para que não tenhamos perdas irreparáveis à construção da cultura brasileira.
Darel ilustrador
Um dos mais conhecidos e respeitados gravadores brasileiros, Darel Valença Lins atuou como ilustrador de periódicos e livros de forma marcante. Tentou-se, neste artigo, levantar a bibliografia do Darel ilustrador, apresentando parte de seu caminho e de sua forma de pensar. Para tanto, foi feita uma minuciosa pesquisa em bibliotecas, livrarias e coleções particulares, sendo arrolados os livros e álbuns de gravuras.
Obranome e o espaço da poesia visual brasileira
A poesia visual brasileira, da qual a exposição OBRANOME é preciosa amostra, tem suas origens nos anos 1950, com o surgimento da poesia concreta, mantendo seu caráter de vanguarda coletiva até finais dos anos 1960. Participaram dela, no início, os irmãos Campos e Décio Pignatari, que formavam o grupo Noigandres, além de Reynaldo Jardim, Wlademir Dias-Pino e Ferreira Gullar, entre outros. Dias-Pino, cujas experimentações vinham de tempos anteriores, cuiabanos, perdura por alguns anos, partindo posteriormente para o que se tornaria o poema-processo – movimento de amplo alcance entre poetas e artistas, principalmente em sua fase áurea (1967-1972). A poesia concreta e o poema- processo adentraram de tal forma a psiquê nacional que suas raízes alimentariam pelas próximas décadas o meio artístico-literário, do sul ao norte do País.
Arte e invenção: a materialidade do concreto
Os aspectos materiais da produção de livros e folhetos de de- terminado movimento literário são, por vezes, tão curiosos quanto a própria elaboração da escrita, pois são parte intrínseca da gênese e divulgação do movimento. Foi a busca desse conhecimento em relação à poesia concreta que me levou, em meados de 2009, a conversar com Augusto de Campos e, em seguida, a procurar alguns outros agentes desse processo, corresponsáveis por essa produção. Esses aspectos da criação cultural, que usualmente passam despercebidos, perdem-se pela pouca importância que lhes é dada: essas informações não costumam ser registradas, tampouco divulgadas. No caso da poesia concreta, desde já dois nomes merecem destaque: na feitura das obras, a figura marcante foi a de Julio Plaza (1938-2003); no apoio financeiro, o mecenato despreendido de Erthos Albino de Souza (1932-2000).
Salvador Montero: História editoral
Conheci Salvador Monteiro por meio dos livros da Alumbramento, sua editora. Havia comprado, para minha coleção, Amor Canto Primeiro2 e Elegias, os primeiros dois volumes por ele publicados, mas o que realmente me encantou foi a tiragem especial de Alumbramento, com gravuras originais de Darel, Grassmann, Bianco e Aldemir Martins, os ilustradores do livro. O cuidado com que o livro foi composto e impresso, as dobraduras da caixa, o disco com poesias declamadas por Bandeira e as gravuras me fizeram querer saber mais. A única referência que encontrara sobre o editor, salvo umas poucas matérias jornalísticas, foram alguns parágrafos e a listagem de obras feita pela professora Knychala em seu O Livro de Arte Brasileiro. Consultei algumas dessas obras na BCE, a biblioteca da Universidade de Brasília. O fato de não encontrar quase nenhuma referência a Salvador, além de só ter podido ter acesso a poucos de seus livros, me instigaram ainda mais. Obtive seu contato, e, após dois anos de desencontros tentando mar- car uma entrevista, consegui. Fui ao seu encontro e pude conhecer melhor seu trabalho, ao longo de uma agradável conversa.
Três encontros em um depoimento
Cheio de vida, cheio de ideias, faleceu Reynaldo Jardim. Meu conhecimento do poeta e jornalista se deu no fim de 2007, pela compra de livros seus num sebo em Brasília que havia arrematado a biblioteca do artista Rubem Valentim — uma das tantas tristes histórias de descaso com nossa cultura.
Lembranças minhas
Um dos eventos que mais me marcaram, ao longo de anos de estudo na Universidade de Brasília, foi uma palestra de Décio Pignatari, em 12 de dezembro de 2003, uma sexta-feira. O impressionante não foi a lábia, a beleza ou qualquer outra qualidade intrínseca ao palestrante, mas a plateia. Não havia ninguém. Sabia ainda pouco sobre o poeta, o tradutor, o ensaísta e o professor. Havia lido apenas algumas de suas poesias concretas dos anos 1960. Tinha, no entanto, ciência da relevância dele para a comunicação e seu papel primordial no desenvolvimento da poesia concreta.
A relevância da Fenomenologia para a Metodologia de Sistemas Flexíveis
Neste artigo é problematizada a relação entre a fenomenologia, em específico a vertente metodológica da filosofia sociológica de Alfred Schutz, para o embasamento da metodologia de sistemas flexíveis.
A bibliofilia no Brasil
Investigou-se, ao elaborar esta tese, a bibliofilia no Brasil, em seus aspectos históricos, sociológicos e comunicacionais. Após as discussões metodológicas iniciais, fez-se um levantamento sobre a expansão dos “estudos do livro”. Em seguida, foi estudada a situação do livro no país, com foco no descaso histórico com as coleções públicas nacionais, além do exame de alguns aspectos pontuais, como a história do ex libris e da encadernação. A partir de um amplo levantamento bibliográfico, tentou- se traçar um breve histórico da bibliofilia no Brasil, não só identificando os colecionadores, mas também o destino de suas coleções, destacando- se alguns dos mais importantes atores. A partir da literatura mais recente e de contatos previamente estabelecidos, foram mapeados os bibliófilos contemporâneos e, quando possível, contactados e entrevistados. A segunda parte da tese, i.e., a análise de diversos aspectos que compõem a oeconomia da bibliofilia, deu-se primordialmente a partir das conversas com esses bibliófilos, livreiros e das observações feitas in loco nas cidades visitadas. Tentou-se demonstrar não só o fazer do bibliófilo em seus mais variados aspectos, mas seu papel social, suas implicações na rede formada pela bibliofilia e fora dela. Para tanto, foram discutidos aspectos simbólicos, estéticos e econômicos, do fascínio da obra rara à importância de bibliotecas particulares.
O livro como objeto museológico
Este artigo propõe o livro como objeto museológico, i.e., que sejam considerados os aspectos materiais do livro para que se entenda seu papel fulcral na sociedade. Para tanto, são elaborados três aspectos deste livro-objeto-museológico: os sociais, os materiais e os estéticos.
Alfredo de Carvalho bibliófilo
Importante homem de letras pernambucano, promovedor da história da imprensa e de seu estado, por sua morte prematura, Alfredo de Carvalho não obteve o reconhecimento que lhe é devido. Fez parte de um seleto grupo – com o Barão de Studart e Oliveira Lima – que unia a escrita da história com a formação de bibliotecas preciosas. Era, de fato, um bibliófilo inveterado, preocupado com aspectos estéticos, tácteis, além da preservação material das obras que reunia. Infelizmente, tanto sua biblioteca, quanto seus escritos inéditos – eram numerosos – dispersaram-se. A partir das cartas enviadas para Oliveira Lima, de sua produção bibliográfica, do catálogo de venda de sua coleção – o Bibliotheca brasiliense selecta – além de alguns exemplares que pertenceram à sua biblioteca, propõe-se apresentar uma das facetas menos exploradas de Alfredo de Carvalho: a do bibliófilo.
A importância do acesso às obras raras
Parte-se de uma discussão introdutória sobre a identificação de obras raras, para então tratar de sua preservação e acesso, concluindo-se com uma breve reflexão sobre os possíveis benefícios da valorização desse patrimônio precioso, tanto para a comunidade, como para as bibliotecas.